Friday 16 October 2009

o tal "poste abaixo"


(1)
Não sei porque me deste uma camisa de dormir… deve-te ter agradado a ideia de me fazer acreditar que ia mesmo mante-la intacta no corpo o resto da noite.
No meio da cama, de joelhos, sentada sobre os tornozelos, olhavas-me em silencio enquanto emanavas toda a tua ternura e paciencia para me deixar mais à-vontade.
Deitei-me ao teu lado e, já de gatas, muito devagar, começas a aproximar-te. Apoias o cotovelo na cama, ao lado da minha cabeça. Sorris e metes o teu rosto debaixo do meu. Sinto o teu cabelo passar-me por entre os dedos enquanto te ouço sussurar lentamente: “não tenhas medo”.
(2)
Ai, e como tenho fome pelo teu corpo… mas não a consigo matar por iniciativa propria. Esta-me a passar uma nota em rodape na cabeça que diz, em letras garrafais: “Isto não devia acontecer”. Um beijo quase matrenal acabou com o falso moralismo que me foi incutido desde sempre e, no intreludio do incendio que se seguio, quem sofira era a tua cama, onde eu cravava as minhas unhas, com medo de as cravar em ti. Nem sabia como te tocar.
Meu pecado, minha virtude, tu és o verbo amar mulher. Corpo e alma.
(3)
Enquanto vou submergindo nesse universo de sensações novas que me mostras, aproveitas a minha “distração”, decides que chegou a hora de desmistificar os meus medos e a tua mão… estava uma noite calma e fria de inverno.
[Senhoras e senhores o que se seguio fica reservado para as paredes daquele quarto contarem... ou para a vossa imaginação voar sobre o assunto]
Exaustão.
(4)
Com a tua boca ainda em cima da minha, consigo sentir crescer-te um sorriso, enquando o meu olhar te mostra o meu. Abraças-me com força. Eu deito-me ao teu lado, aquele lado da cama que sei que vai ser sempre meu.
Fecho os olhos e respiro calmamente o calor que emana do teu corpo enquanto tento assimilar o que se tinha passado e o que dali advinha… e tudo me parecia cada vez mais deliciosamente surreal.
(5)
Abro os olhos, sorrio e digo-te: “imagina se a minha mãe visse isto”.
[Sim, senhoras e senhores, sem duvida que teria muita piada ela constatar, em pessoa, que não iria ter netos e iria ser sogra, não de um Filipe, mas de uma Filipa.]
Desmanchamos a rir as duas e a tua mão entrelassou a minha.
E é aqui que ela pertence.
É aqui que eu pertenço.

By: Paula Oliveira

3 comments:

Anonymous said...

Que rapariga tao qerida !

Deve ser demais :D

idiossincrasias said...

dizem que sim :p

eu ja li a historia toda... é pena nao ser propriamente uma historia feliz

mas este capitulo merece ser lembrado n_n

ana said...

amei o texto mas restam-me algumas questões que gostava que me respondesses ,
Muito bom , :D